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Clínica de Psicologia, Psicanálise e Psicopedagogia Equilíbrio
TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS
Habilidades sociais são elementos básicos necessários para uma comunicação eficaz, de forma que o individuo estabeleça e mantenha relações de boa qualidade. As habilidades sociais podem ser influenciadas pelo contexto cultural.
A pessoa pode ter as habilidades sociais em seu repertório e não usá-las em diversas situações por diferentes razões, como por exemplo, ansiedade, crenças errôneas e dificuldade de leitura de sinais do ambiente.
As habilidades sociais incluem três principais elementos:
1- Selecionar de maneira precisa as informações relevantes de um contexto interpessoal;
2- Fazer uso dessas informações para emitir comportamentos apropriados dirigidos à meta;
3- Desempenhar-se obtendo e mantendo a meta de boas relações com os outros.
Destacam-se três grupos de habilidades sociais que complementam uma comunicação eficaz: Assertividade, empatia e solução de problemas.
1- Assertividade: Expressão direta, honesta e adequada de sentimentos, acompanhadas de um comportamento correspondente.
2- Empatia: Disposição para abrir mão, por alguns instantes dos próprios interesses, sentimentos e perspectivas, se dedicar a ouvir e compreender sem julgar o que a pessoa pensa e deseja.
3- Habilidade de solucionar problemas: capacidade de identificar e solucionar problemas. Antes que essa solução se torne obvia para outras pessoas, ou em situações de nível alto de emoção.
Aprendendo a comunicar:
1- Ouvir e prestar atenção no outro, estimulando-o a falar, é importante ouvir sem julgar, mantendo a mente livre e aberta.
2- Aprender a resumir o que o outro disse e devolver, sem julgamentos ou críticas, ser objetivo e especifico na comunicação: "Então você quis dizer que...", “Você quer dizer que se sente assim, quando me comporto daquela maneira?”
3- Aprender a comunicar a própria opinião, sentimentos, necessidades e vontades, usando frases iniciadas com "eu", "Eu gostaria, eu sinto assim quando...". É preciso tomar responsabilidade sobre sua opinião. Evitar frases iniciadas com "Você" quando for falar de si mesmo: "Você deveria...”, “você é responsável". As pessoas sentem excessivamente responsabilidades ou culpabilizadas o que pode gerar uma necessidade de defender-se prejudicando a comunicação;
4- Aprender a colocar em prática esses comportamentos, buscando resolver as situações e melhorar as relações, para tal é importante conhecer os próprio direitos e direitos dos outros;
Aprendendo a escutar:
Um importante passo é aprender a ser um bom ouvinte de si mesmo e do outro. Ouvir a si mesmo envolve o exercício da auto-observação, perguntando a si mesmo: "O que penso, o que eu quero e como me sinto em relação a isso?"
Ouvir o outro envolver a atenção o interesse genuíno em escutá-lo. O que o outro quer, como ele se sente, colocando-se no lugar. Pergunte-se: "Como o outro pode estar se sentindo ou pensando? O que ele/ela quer?“
Aprender a escutar envolve também habilidades verbais, parafrasear, encorajar o outro a falar, e expressões faciais de aceitação e postura corporal, comunicando ao outro que você está interessado no que ele diz.
Exemplos verbais de comunicação: quando você diz "uhum", "um" dando sinais de que está ouvindo, ou outro sinal de que você está ali com a pessoa ouvindo.
Exemplo de parafrasear é usar nas suas palavras o que foi dito pelo outro: "Então você disse que...”, “Você quer dizer que se sente dessa maneira quando eu faço algo que lhe desagrada?" entre outros.
Espelhar sentimentos: Verificar as expressões faciais e corporais dos outros, devolvendo a pessoa em forma de pergunta: "Pela sua postura e seu olhar parece chateado ou irritado com alguma coisa, quer falar sobre isso?".
Resumir o que o outro disse é uma boa tática para saber se está compreendendo e sendo compreendido, pontuando principais aspectos do que foi comunicado.
Aprendendo a se ouvir:
Aprender a se ouvir para compartilhar com o outro usando "eu". Para nos comunicarmos com outros precisamos aprender a nos colocar em cena, assumindo posições, defendendo direitos e opiniões de maneira coerente.
Às vezes nos esquivamos dessas situações por sentimentos de medo. Esse medo é natural, queremos agradar e evitar conflitos e em outras ocasiões somos inflexíveis e queremos as coisas do nosso jeito nos tornando agressivos, mas nas duas ocasiões em algum momento estouramos.
Podemos pensar: “Ele deveria me entender”, “Porque ele faz se eu não gosto disso”, ou “ele não me ajuda”. Esperamos que o outro pudesse compreender como se lesse nossa mente sem termos que nos colocar.
Primeiro pergunte-se “O que eu penso, o que eu quero, o que eu sinto?”.
Exemplo de comunicação verbal inábil: “Você não me ajuda nas tarefas de casa, estou cansado (a) disso?”.
Exemplo de não comunicação e responsabilização do outro no seguinte pensamento: “Ele(a) não percebe que chego cansado (a) em casa, porque não se toca e me ajuda?”.
Exemplo de comunicação hábil: “Eu me sinto cansado (a) e preciso de ajuda para as tarefas de casa, como podemos encontrar uma solução juntos?”.
Dividindo os pensamentos: trata-se de dividir verbalmente com o outro, colocando-se na situação com responsabilidade:
Exemplo: “Estive pensando e acho que...”, “Estou preocupado (a) com nossa situação financeira, como podemos juntos trabalhar isso?”, “Eu me sinto triste quando você debocha do meu problema”.
Fazendo pedido adequadamente: “Eu gostaria que você não deixasse roupas espalhadas pela casa”, “eu ficaria feliz se conversasse comigo hoje à noite”.
Conclusão: Habilidades sociais podem ser aprendidas, não se trata somente de um treino de repetição, o objetivo do texto é dar possibilidades, cada pessoa em sua realidade particular pode se usar dessas técnicas para melhorar a comunicação. Trata-se de um exercício de autoconhecimento e conhecimento do outro utilizado de maneira prática.
Referência:
PENIDO, M. A.; RANGÉ B. Treinamento de habilidades sociais no tratamento da dor crônica. In ANGELOTTI, G. Terapia Cognitivo – Comportamental no Tratamento da Dor. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2007. Pag. 107 a 130.